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Voluntária no plantio de uma floresta de bolso 

Iniciativa sustentável busca esverdear as cidades do país 

Projeto “Floresta de Bolso” já fez uma ação no Parque Olímpico do Rio de Janeiro

Por Luísa Fernandez

A primeira floresta de bolso carioca realizada pelo projeto do biólogo e paisagista Ricardo Cardim foi feita em 2022 após a edição do Rock in Rio no Parque Olímpico, zona oeste da cidade. Foi uma parceria da Heineken com a agência de plataforma de música, cultura e sustentabilidade, Atenas. Ela ainda é a única na cidade do Rio de Janeiro. 

 

A iniciativa foi desenvolvida em 2011, quando Cardim começou a estudar como funcionava a regeneração natural da Mata Atlântica sem o contato humano. Ele quis entender como a floresta cicatrizava quando ela era cortada. O objetivo era ser capaz de reproduzir a dinâmica natural da regeneração da Mata Atlântica e manter a competição e a cooperação entre as espécies. Em cada floresta, são colocadas cerca de 100 plantas diferentes nativas. As dimensões variam de 15 até 150 mil metros quadrados.

 

Assim, alguns ensaios foram feitos inicialmente em escala privada. Em 2016, surgiu a oportunidade de fazer a primeira floresta de bolso em uma área pública. Hoje já aconteceram 18 edições só na cidade de São Paulo. As atitudes contaram com ajuda de mutirões voluntários. O envolvimento popular foi expressivo com cerca de 500 pessoas por vez. 

 

“A experiência no Mutirão Voluntário é ímpar, é maravilhosa porque a gente tem uma troca muito legal, um poder de educação ambiental muito grande. A Floresta de Bolso é, antes de tudo, uma máquina de educação. Ela mostra que a floresta nativa, que a biodiversidade pode conviver em harmonia com as cidades modernas.”, afirmou Cardim.

 

O professor de Biologia da PUC-Rio Richieri Antonio Sartori explicou a importância do reflorestamento acontecer a partir de espécies nativas de determinada área. Espécies estrangeiras - não necessariamente de outro país, mas de outra região - podem tornar-se invasoras, o que causa um potencial desequilíbrio no ecossistema. 

 

“Quando vamos para outro local, para outro país, temos, muitas vezes, dificuldade de nos adaptar a culturas diferentes. Imagina as plantas. Imagina espécies diferentes chegando, um conjunto todo de uma vegetação que é estranha ao local.” 

 

Durante o Rock in Rio, a mata atlântica - vegetação nativa da cidade - foi protagonista nas áreas patrocinadas pela Heineken.  Depois, as árvores que foram cenário foram plantadas em uma área de cerca de 5 mil metros quadrados de forma definitiva na cidade do Rock, um lugar extremamente árido. Ricardo Najm, diretor de atendimento da ATENAS.ag, lembrou que a área escolhida para o plantio era antes repleta de lixo e entulho. 

 

“A Heineken está se propondo a erguer onde era cinza florestas nesse formato de floresta de bolso. Usar espaços que ali não estavam sendo utilizados ou eram cinzas para inspirar e para ocupar esses espaços com verde.” 

 

Essa técnica de utilização de áreas com entulho e lixo para o reflorestamento já é feita nos Estados Unidos há muitos anos. Sartori também pontuou que os chamados “pocket parks” - “parques de bolso”, em tradução literal - buscam dar um novo sentido a áreas abandonadas, já que elas costumam servir para a atenuação de diversos problemas sociais, como o tráfico, por exemplo. Ele completou dizendo que o novo uso para essas áreas traz vantagens à população.

 

“Além da questão ecológica, tem uma questão social muito importante. Existe uma redução de problemas psiquiátricos. Tem vários artigos mostrando isso. As pessoas que moram perto de áreas verdes têm uma quantidade muito menor de problemas de saúde, principalmente de problemas psicológicos.”

 

Outro benefício dessas florestas é o fato da necessidade de manutenção ser praticamente nula, principalmente se for plantada em época de chuva, como explicou Cardim. Ele pontuou que caso seja um momento de seca, pode ser necessário que haja uma irrigação até que as copas das árvores se fechem. Pedro Augusto, auxiliar administrativo do Parque Olímpico, disse que a manutenção da floresta no local é mensal. Os funcionários podam as plantas para evitar o aparecimento de mosquitos.

 

Com essa facilidade, as florestas de bolso estão sendo cada vez mais espalhadas por todo o território nacional. Cidades como Maceió, em Vitória, Goiânia, Porto Alegre e Curitiba já possuem um exemplar. A ideia de Cardim é fazer mais projetos no Rio por causa de uma necessidade ambiental, principalmente na Zona Oeste. 

 

“A gente teve 62.1 graus em Guaratiba há um tempo atrás. Isso mostra que se a gente não esverdear com critério as nossas cidades sem a biodiversidade nativa, elas se tornarão inabitáveis daqui a algumas décadas.”

 

O fundador também contou que a importância das florestas de bolso aumentam conforme o tempo passa, já que elas contribuem para o equilíbrio ecológico a longo prazo.

 

“Quanto mais ela envelhece, mais ela produz, porque as árvores vão ficando maiores, com maior biomassa e vão trazendo também pássaros e outros habitantes que vão trazer mais biodiversidade de outros lugares. Então é uma evolução constante e progressiva nesse sentido.”

 

O professor da PUC concorda que, mesmo em menor escala, as pequenas áreas verdes já são capazes de fazer a diferença, tanto em termos ecológicos quanto sociais. Ele destacou que a vegetação pode demorar a crescer, o que varia de acordo com a espécie. A dica é mesclar os dois tipos - as que crescem rapidamente e as que demoram mais. O importante é plantar o quanto antes. 

 

“O reflorestamento demora, porémquanto mais tempo a gente leva para fazer, mais tempo demora.”, lembrou Sartori.

 

A Heineken continua como patrocinadora do Rock in Rio na edição de 2024 e a campanha Green Your City também permanece. Najm antecipou que as iniciativas de sustentabilidade estarão presentes no festival em um formato inovador. Para ele, a importância de campanhas como essa para a empresa é continuar liderando a pauta de sustentabilidade no Brasil e inspirar as pessoas. O diretor acredita que o pensamento da população deve ser: “Se uma marca está fazendo isso, por que eu não posso fazer algo também para ter uma atitude mais verde?”. 

 

A campanha da Heineken “Green Your City” - “torne verde sua cidade” em tradução livre - tem como uma das metas da Heineken de sustentabilidade plantar 19 florestas até 2030. Até o momento, somente duas já foram plantadas: a da cidade do Rock e a outra em São Paulo, mas, segundo Felipe Pedroso, gerente de comunicação e marketing da ATENAS.ag, as demais estão em andamento. 

Laboratório de Jornalismo I

Prof. Chico Otávio 

Rio de Janeiro, RJ, Brasil

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